Oficial encarregado de conferir e verificar os títulos de nobreza, de declarar a paz ou a guerra e de fazer proclamações solenes.

20070203

IVG SIM...

Uma poderosa figura defensora da política ortodoxa fascista, ornamentava a sua vida pública com a defesa de arremedos da moral, com princípios arreigados num Povo atávico, devido á sua vivência amarfanhada em mais de quarenta anos de fascismo e em perfeita sintonia com uma Igreja déspota e retrógrada, aonde em nome de Deus, da Pátria e da Autoridade, impingiam determinados conceitos de moralismos falaciosos que ajudavam a sustentar o sistema. O 25 de Abril veio abrir novos horizontes que provocaram um abalo forte na estrutura Clerical e o seu poder foi claudicando, embora os seus seguidores saudosistas se tenham acobertado em partidos mais ou menos democráticos, continuam a esbracejar e a lutar pelos princípios caducos da fé cristã. A figura referida, salta de um Ministério para as cadeiras da administração de Empresas Públicas, conforme o poder instalado e continua a defender os conceitos carcomidos e hipócritas, nas diversas eleições e neste referendo sobre a IVG, da qual foi sempre um opositor acérrimo desde o inicio deste tema no nosso País, por ser um defensor da vida. Há uns anos atrás depois de um dia de poltrona, ao chegar ao doce lar é abalado por uma notícia familiar que o deixou arrasado. A sua filha de 18 anos, a menina dos seus olhos, estava grávida de um jovem, filho de um Cônsul de um Pais Africano. Aturdido e incrédulo, sente-se como se lhe tivesse passado por cima uma manada de elefantes, mas aos poucos foi-se recompondo e bradou furioso: --- Na minha família um preto, NUNCA..! Quem sabe o que é bom para ti sou eu, amanhã vou marcar numa clínica em Espanha, para tirares essa semente do pecado. A filha receosa e intimidada disse que amava o pai do seu filho e chorosa relembrou o seu progenitor que ele era contra o aborto. Furibundo retorquiu: --- Isso é para os outros, para ti sou a favor, pois essa coisa não pode ser gente e nem me interessa saber quantas semanas tem. Os elementos da numerosa família, olhavam entre si e anuíram implicitamente á vontade do senhor. Volvidos poucos dias, o senhor com a esposa e a filha rumaram a Espanha, tanto nas viagens como na estadia, não houve palavras, só havia sentimentos contraditórios, o casal com o alivio estampado no rosto e a filha dilacerada pela dor de se sentir amputada de algo que era seu sem poder ser seu, a revolta instala-se no seu interior e pensa maternalmente na vingança. A droga e outros caminhos desviantes foram o seu trilho, depressa se tornou num farrapo humano, cansada e com a dor a persistir resolveu pôr termo á vida. A família chora lágrimas de crocodilo na despedida, sem fazer um acto de contrição, refugiam-se no mal menor, com a desculpa de que a recuperação era impossível. Poucos anos depois, vimos o tal senhor do alto da sua cátedra, a defender o “NÃO” á IVG, com a convicção cândida dos reles hipócritas a dizer que a vida só pode ser ceifada por Deus e outras tantas atoardas de teor idêntico, que fariam das mulheres meras máquinas reprodutoras se elas fossem postas em prática. Este assassino que por preconceitos racistas, não teve remorsos de levar á morte os seus, continua com a sua cruzada de mãos dadas com “os beatos falsos” e o clérigo hipócrita a defender a vida que não é vida. Muitos exemplos destes proliferam na classe mais abastada do nosso País, sendo a sua maioria defensores do “NÃO” para os outros, pois para eles é fácil contornar a lei. Porquê tanto alarido para rectificar uma lei, que só vem dar mais liberdade e dignidade ás mulheres e a erradicar os falsos moralistas da nossa sociedade. Vou votar sim na IVG, porque não sou hipócrita, porque defendo a igualdade e amo muito as mulheres. Nós todos fomos gerados por mulheres, eu como quase todos, somos filhos desejados de um amor. A vitória do “NÃO” é a continuação da instrumentação das mulheres e mantê-las “filhas de um Deus menor”.

13 Comments:

Blogger Unknown said...

Querido Arauto, li tudo com atenção, mas prometi não voltar a me manifestar "publicamente" sobre este assunto da IVG...
Desejo-te um excelente fim de semana!

Beijinhos

11:13 da tarde

 
Blogger Pé de Salsa said...

Bom dia Arauto,


"Vou votar sim na IVG, porque não sou hipócrita, porque defendo a igualdade e amo muito as mulheres. Nós todos fomos gerados por mulheres, eu como quase todos, somos filhos desejados de um amor. A vitória do “NÃO” é a continuação da instrumentação das mulheres e mantê-las “filhas de um Deus menor”."

O conteúdo dos seus textos é muito profundo e consegue deixar-nos ansiosamente presos à espera do final.

Tal como nos narra o George Orwel no seu famoso livro "O Triunfo dos Porcos", para muitos "desses" somos todos iguais; MAS UNS SÃO MAIS IGUAIS QUE OUTROS!
Ao referir-me apenas a "muitos", é porque todos sabemos que outros não estão devidamente esclarecidos e vão atrás do fanatismo desses "muitos".

Esta sua história trouxe-me à memória uma outra que aconteceu próximo de Aveiro (no distrito). Uma jovem branca foi impedida pelos seus pais de prosseguir o namoro com o grande amor da sua vida (um jovem negro) e obrigada a fazer o mesmo (abortar). No rosto dessa jovem, hoje uma senhora casada com um branco, não voltei a ver um sorriso. Os pais frequentavam diariamente a igreja pois "era um pecado não ir à missa".

Um abraço para si, Arauto (da Ria).

7:55 da tarde

 
Blogger david santos said...

Olá!
Auro, se for da Ria de Aveiro, cá estou eu.
Beira-mar, claro.
Parabéns.

9:32 da tarde

 
Blogger Maria P. said...

Um aparte: afinal aquelas palavras eram para mim ou para a Ana?

:)

10:13 da tarde

 
Blogger Saramar said...

Arauto, boa noite.

O seu artigo é um petardo.
Emocionei-me com essa frase:

a "dor de se sentir amputada de algo que era seu sem poder ser seu".

Para mim, ela representa o drama de uma mulher que tem que escolher entre sua vida e a do ser que traz em si.
Essa escolha não se refere à vida em si, mas a todas a vidas que ela terá ou não depois da chegada do filho.

É tão fácil dizer, como li por aí: se não os podia ter, que não os fizesse.

É tão simples para o catolicismo que condena as práticas de prevenção da gravidez condenar o aborto.

É tudo tão fácil, não acha?

Só para a mulher, que deveria ser dona do seu corpo, é difícil, é doloroso, é desesperador ter que decidir, porque afinal, é ela quem decide.

Cabe ao mundo, eu creio, facilitar a escolha.

beijos

10:53 da tarde

 
Blogger Eärwen said...

Tudo vai sair certo, é preciso acreditar.
Tenha uma ótima semana, meu amigo.
Eärwen
04.02.07

2:06 da manhã

 
Blogger Maria P. said...

A troca de mome está mais que desculpada, e claro obrigada pelas simpáticas palavras.

Uma boa semana*

9:08 da manhã

 
Blogger filipe guerra said...

Sinto-me perfeitamente alinhado com a perspectiva deste texto.
Cansa-me ouvir frases como "o aborto é uma questão de consciência", não não é. O aborto é uma "questão de classe", quem pode financeiramente faz calmamente e discretamente um aborto numa qualquer clinica privada em Cascais, na Avenida da Boavista ou em Espanha, quem não tem dinheiro vai para um qualquer vão-de-escada.

Cansa-me também ouvir os papa-hóstias do costume mui preocupados com os nossos compatriotas nasciturnos, mas que, no Poder, pouco se importaram com os nossos compatriotas vivos e bem vivos.

Só por acaso, alguém por acaso sabe quem são os milionários anónimos que despejaram pequenos balúrdios na campanha da organização"Não obrigada"? Terá sido o millenium\BCP (o banco que durante anos não aceitava muheres bancárias)de Jardim Gonçalves\Opus Dei?

Por vezes penso que a hipocrisia não tem limites.

12:59 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

NÃO.

4:31 da tarde

 
Blogger Al Berto said...

Viva Arauto:

Pelo que vejo você foi "invadido" por um hipócrita anónimo adepto do Não.
Até neste seu comportamento se mostram autênticos "abortos".
Como é usual dizer-se:
- Perdoai-lhe senhor que não sabe o que diz!

O texto e a conclusão respectiva estão magníficos.
As minhas saudações por esse seu espírito inteligente, livre e justo.

A OMS - Organização Mundial de Saúde decretou uma normativa em que afirma que os Governos têm de avaliar o impacto dos abortos inseguros, reduzir a necessidade de abortar e proporcionar serviços de planeamento familiar alargados e de qualidade. Deverão enquadrar ainda as leis e políticas sobre o aborto tendo por base um compromisso com a saúde das mulheres e com o seu bem-estar e não com base nos códigos criminais e em medidas punitivas.

Os adeptos do Não, sem qualquer argumento que não seja uma submissão aos ultrapassados ditames da igreja, são de tal forma incoerentes que se dão ao luxo de colocar em causa uma análise da própria OMS.


Sem comentários.

Um abraço,

5:57 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

Eu voto não à IVG, vota pela vida.
Sem comentários.

11:46 da tarde

 
Blogger Pé de Salsa said...

Olá, Arauto (da Ria),

Passei para desejar um bom fim de semana.

Um abraço.

8:25 da tarde

 
Blogger Al Berto said...

Viva Arauto:

Passe um óptimo fim de semana e não se abstenha... VOTE BEM!

Um abraço,

12:30 da manhã

 

Enviar um comentário

<< Home