Oficial encarregado de conferir e verificar os títulos de nobreza, de declarar a paz ou a guerra e de fazer proclamações solenes.

20061021

O OUTONO É TÃO LINDO...

O dia está como todos os outros, cinzento de vez em quando abrem uns raios de Sol e a chuva vai-nos visitando, umas vezes graciosa e miudinha e outras com intensidade e furiosa a ameaçar dilúvio. As árvores ora ondulam com uma brisa, ou são fustigadas por um vento forte, as suas folhas verdes, amareladas e castanhas, vão sucumbindo e cobrindo o solo com os seus tons, tornando a paisagem multicolor. É Outono. Esta estação é pouco querida de muitos, mas eu particularmente, sinto este Outono lindíssimo. Vivo num estado de alma, que fervilha cheio de emoções, não sinto depressões associada á queda das folhas e o Sol teima em banhar-me mesmo nos períodos mais cinzentos. Sinto-me um jovem adolescente e caminho com o fluir dos meus sentimentos, não há barreiras, tabus, preconceitos ou outra espécie de pudores e temores, que por vezes são castrantes, para que a felicidade nos visite e entre em nós. Sinto a Liberdade a morar em mim e o a amor a brotar, deixei de sentir o estúpido sentimento, que por vezes me causava alergia, por ver “pessoas ou coisas pequenas” que pululam á nossa volta, que com os seus procedimentos e actos, nos fazem revolver as entranhas. Deixei de ver ou ouvir noticias e o meu mundo associado ao meu estado de bebedeira consciente, tem-me anestesiado de tal maneira, que faz de mim um mítico visionário, em que o mal e a dor não existem. Olho para a minha Cidade e salta á vista de todos, a bondade e a competência dos nossos Governantes, a dizerem bem alto, que a pobreza e a fome não moram aqui. Vejo as nossas crianças, adolescentes e jovens felizes, pois nada lhes falta, os nossos idosos, têm tudo e são mimados, não há desemprego, temos segurança e unidades de saúde exemplares e ao serviço da População. Até os dirigentes do meu Beira, que todos julgavam incompetentes e oportunistas, pois num ano de gerência, todos pensavam que tinham o Clube á beira da falência, vem orgulhosos a público, dizer que temos um Clube pujante e em situação de ombrear com os grandes. Mas se olharmos para o nosso País, então vimos o exemplo da nossa Terra em tons mais coloridos, a espelharem o paraíso que este Governo está a construir. Com o libido do amor, a aflorar em todos os poros, com o “fogo que arde sem se ver”, a aquecer-me a todo o momento, tenho que ver e sentir este Outono lindo, até por ser a estação do ano em que nasci, há muito !? Há pouco?! Não sei, sou jovem e feliz. Como é inebriante e consolador ser ego centrista, tenho dinheiro para os prazeres e luxúrias da vida e alguém para amar, deixei de ser azedo, inquietante e sobretudo amargurado, sou um ser que vivo nesta letargia, feliz, alegre e despreocupado, não quero saber de ninguém, vivo para mim e para os meus e gozo os prazeres da vida. Mas se um dia acordo, será que conseguirei ser totalmente feliz..?!

11 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bom dia Arauto,

Que texto maravilhoso, próprio de quem ainda sonha. Mas, se já não sonhássemos, o que nos restaria?

Conseguiu tocar em quase todos os pontos enfermos da nossa sociedade. De uma forma subtil, sarcástica e quase harmoniosa. E digo QUASE porque falta a correspondência do sonho à realidade.

Afinal, mesmo a sonhar, podia não ter visto ou sentido que os outros vivem como vivem e não ser "um ser que vivo nesta letargia, feliz, alegre e despreocupado, não quero saber de ninguém, vivo para mim e para os meus e gozo os prazeres da vida."
Como um óptimo ser humano que é, mesmo em sonhos, não deixa de o ser. E...mesmo a sonhar, a sua felicidade só existe se a dos outros for uma realidade.

Muito bom este seu texto. Merece da minha parte uma reflexão mais profunda.

Um bom Domingo para si.

Pé de Salsa

(não consigo comentar através do meu blog - acho que devido a problemas com o sistema Beta)

12:19 da tarde

 
Blogger Migas (miguel araújo) said...

Viva meu caro
O seu Outuno é lindo.
Transparente vai-nos mostrando a realidade do nosso outro Outuno.
Aquele que vivemos no dia-a-dia, quando acordados, quando fazemos contas à nossa vida e à das nossas crianças.
Era especialmente bom que o seu Outuno durasse para sempre. Ou que não fosse mera ilusão ou utopia.
A bem de todos nós.
Um abraço

8:01 da tarde

 
Blogger Saramar said...

Arauto da Ria, boa noite.

Que encanto de texto!
Tão lindo quanto o outono e tão demonstrativo de seu jeito de ser: sério, cidadão preocupado com o seu tempo, com os problemas que percebe à sua volta, mesmo estando em estado de graça!
É bom deixar de ser "amargurado" porque a vida sempre nos dá muito e é maravilhoso quando esse muito é o amor.
Seu aniversário, no outono? Hummm... já passou ou ainda está para chegar?

Beijos coloridos de outono para você.

10:57 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

Espero que, ao acordar, continue muito feliz, muito mais.

4:06 da manhã

 
Blogger Angela said...

Ai o amor... O amor torna tudo tão belo! Ofusca tudo!!!
E só nos apetece entregar-nos a ele... não pensar em mais nada... esquecer os problemas... esquecer o mundo... A pessoa amada é que é o centro do mundo!

Quero agradecer-te as tuas carinhosas palavras no meu cantinho. É bom ler incentivos.

Beijinhos.

1:25 da tarde

 
Blogger Al Berto said...

Viva Arauto:

Eu vou tendo sonhos mais prosaicos.
Ainda um destes dias sonhei que este país só conseguirá ser aquilo que todos os portugueses quiserem.
E, para começar, que todos deveriam começar a produzir mais e a pedir menos.

Um abraço,

1:03 da manhã

 
Anonymous Anónimo said...

OH ARAUTO, este país está cheio de filosofos e tu pareces-me mais um.
ARNELAS

1:21 da manhã

 
Blogger Ana P. said...

Deixo um beijo

4:22 da tarde

 
Blogger José Manuel Dias said...

Os factos são sempre únicos. A leitura é que pode ser diversa...
Gostei do texto. Abraço

10:38 da tarde

 
Blogger Luís said...

Ao contrário dos subscritores que me antecedem não me vou prender na temática do amor.

Até concordo que seja ele o sentimento predominante neste texto. Mas a mim marca-me mais o contraste irónico entre a expressão "Não quero saber de ninguém, vivo para mim" e o desejo de ser feliz. Isso não é felicidade, é ilusão.

Uma "felicidade" que termina em nós mesmos nunca se poderá assumir como tal...

1:17 da tarde

 
Blogger Eärwen said...

Vim ver-te e voltei um pouco no teu tempo e vejo esse texto lindo!
Quem dera eu escrevesse textos assim...
Um dia por certo iremos acorda e seremos sim, meu caro, felizes pois este estado só depende de nós mesmo.
Deixo-te um beijo e obrigado pelo carinho,
Eärwen Tulcakelumë
28.11.06

8:36 da tarde

 

Enviar um comentário

<< Home