Oficial encarregado de conferir e verificar os títulos de nobreza, de declarar a paz ou a guerra e de fazer proclamações solenes.

20061029

A FRIGIDEIRA DO TARRAFAL

A chamada “Colónia Penal Do Tarrafal”em Cabo Verde. Faz hoje 70 anos que chegaram os primeiros 152 presos dos 340 que por lá passaram, muito semelhante aos campos de concentração nazis. Morreram 32 presos entre 1936 e 1948 e ao médico do campo é atribuída a frase “não estou aqui para curar doentes, mas sim para passar certidões de óbito", os seus directores admitiam, “quem vem para o Tarrafal vem para morrer”. Este campo de concentração encerrou em 1954, sendo o último preso a sair Francisco Miguel, dirigente do PCP já falecido. Contudo com o eclodir dos Movimentos de Libertação de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, S. Tomé e Princepe e Cabo Verde, a Ditadura de Salazar voltou a utilizá-lo para deter os elementos dos movimentos de Libertação. Um dos nomes mais conhecidos que por lá passou foi o escritor Luandino Vieira. Existem 5 sobreviventes portugueses do inicio do Tarrafal, Edmundo Pedro ex-PCP e actual PS, Sérgio Vilarigues, Dirigente do PCP, Joaquim Teixeira, Marinheiro de 1936 e os outros dois não consegui identificá-los. Em Cabo Verde este dia 29 de Outubro é o Dia da Resistência Antifascista. Para todos nós vermos e pensarmos o que custou a LIBERDADE.

20061027

TUDO TÃO BRANCO..!

Um calor tórrido inundou o meu corpo, ouvi sussurrar palavras de censura e reprovação, ao longe pressentia o olhar terno e protector de uns olhos doces e melancolicos. Delirava e soltava palavras indecifráveis para todos, mas eu sentia e bradava ao mar, para deixar de ser tão imponente e imenso e se tornasse num riacho, que eu pudesse saltar para ver aqueles olhos. Não vejo nada, a não ser a cor branca de umas paredes, de uma cama e mesas de cabeceira, tudo tão branco..! O branco era-me simpático e com o decorrer do tempo tornou-se tão amorfo, enfadonho e limitativo que suspirei desesperadamente pelo vermelho, verde e o azul do mar, este mundo branco era mais poderoso que o azul do céu. O calor tropical que me tinha invadido, foi-se esvaindo com o branco e comecei a apreciar uma imensidão verde, que me acalentava a esperança de sair do branco. Finalmente o sol, o amor, as cores, a liberdade, a vida e uma vontade indómita de a viver.

20061021

O OUTONO É TÃO LINDO...

O dia está como todos os outros, cinzento de vez em quando abrem uns raios de Sol e a chuva vai-nos visitando, umas vezes graciosa e miudinha e outras com intensidade e furiosa a ameaçar dilúvio. As árvores ora ondulam com uma brisa, ou são fustigadas por um vento forte, as suas folhas verdes, amareladas e castanhas, vão sucumbindo e cobrindo o solo com os seus tons, tornando a paisagem multicolor. É Outono. Esta estação é pouco querida de muitos, mas eu particularmente, sinto este Outono lindíssimo. Vivo num estado de alma, que fervilha cheio de emoções, não sinto depressões associada á queda das folhas e o Sol teima em banhar-me mesmo nos períodos mais cinzentos. Sinto-me um jovem adolescente e caminho com o fluir dos meus sentimentos, não há barreiras, tabus, preconceitos ou outra espécie de pudores e temores, que por vezes são castrantes, para que a felicidade nos visite e entre em nós. Sinto a Liberdade a morar em mim e o a amor a brotar, deixei de sentir o estúpido sentimento, que por vezes me causava alergia, por ver “pessoas ou coisas pequenas” que pululam á nossa volta, que com os seus procedimentos e actos, nos fazem revolver as entranhas. Deixei de ver ou ouvir noticias e o meu mundo associado ao meu estado de bebedeira consciente, tem-me anestesiado de tal maneira, que faz de mim um mítico visionário, em que o mal e a dor não existem. Olho para a minha Cidade e salta á vista de todos, a bondade e a competência dos nossos Governantes, a dizerem bem alto, que a pobreza e a fome não moram aqui. Vejo as nossas crianças, adolescentes e jovens felizes, pois nada lhes falta, os nossos idosos, têm tudo e são mimados, não há desemprego, temos segurança e unidades de saúde exemplares e ao serviço da População. Até os dirigentes do meu Beira, que todos julgavam incompetentes e oportunistas, pois num ano de gerência, todos pensavam que tinham o Clube á beira da falência, vem orgulhosos a público, dizer que temos um Clube pujante e em situação de ombrear com os grandes. Mas se olharmos para o nosso País, então vimos o exemplo da nossa Terra em tons mais coloridos, a espelharem o paraíso que este Governo está a construir. Com o libido do amor, a aflorar em todos os poros, com o “fogo que arde sem se ver”, a aquecer-me a todo o momento, tenho que ver e sentir este Outono lindo, até por ser a estação do ano em que nasci, há muito !? Há pouco?! Não sei, sou jovem e feliz. Como é inebriante e consolador ser ego centrista, tenho dinheiro para os prazeres e luxúrias da vida e alguém para amar, deixei de ser azedo, inquietante e sobretudo amargurado, sou um ser que vivo nesta letargia, feliz, alegre e despreocupado, não quero saber de ninguém, vivo para mim e para os meus e gozo os prazeres da vida. Mas se um dia acordo, será que conseguirei ser totalmente feliz..?!

20061014

Guerra e Ditadura

A Juventude do nosso País na década 60 e inícios de70 vivia sob dois estigmas terríveis, que eram a ditadura e a guerra colonial. Embora fossem castrantes e intimidativos, muitos deles não era por isso que deixavam de lutar contra a ditadura fascista, a guerra colonial e o capitalismo, com várias acções para tentar minar e destruir uma governação caduca e impiedosa. Alguns mataram-nos, bastantes foram presos, outros exilavam e muitos eram chamados para o serviço militar precocemente, para darem o corpo ás balas na guerra colonial. A união de todas as forças democráticas era linda, fraterna, solidária e generosa, pois se algum elemento de qualquer ideologia, ficasse em apuros (preso ou perseguido), todos se uniam para o apoiar a ele e á família nos vectores, financeiro, logístico ou moral. Todos viviam e lutavam pela mesma causa, a DEMOCRACIA. Havia referências marcantes que ajudavam a juventude a pisar caminhos, aonde a democracia, igualdade, fraternidade e camaradagem não eram palavras vãs. Inspirados nos fortes movimentos estudantis aos quais se juntou o operariado, que tinham acontecido em Paris, eclodiu a famosa crise Académica Portuguesa, que provocou tumultos, morte e muitas prisões dos elementos revoltosos. No início de 70, são recrutados para o serviço militar, estudantes que de uma maneira ou de outra, cheirassem a rebelião. A guerra colonial estava ao rubro e os Movimentos de Libertação que lutavam pela independência das ex-colónias, ganhavam cada vez mais terreno para a vitória final. Muito se escreveu sobre esta guerra, com experiências pessoais, sendo que o último livro foi da autoria do Lobo Antunes, aonde em cartas para a mulher, vai descrevendo os receios e as incertezas dos dias penosos de uma guerra injusta e sem sentido. Mas convém não esquecer, que o escritor, era oficial e médico, poderá parecer irrelevante mas a vida dele era menos má comparada com as dos soldados, furriéis e oficiais milicianos que faziam as operações no mato, que sofriam emboscadas e defendiam os acampamentos militares muitas vezes atacados. Outros haviam que ainda sofriam mais que estes, pois eram deslocados para pontos estratégicos sem condições mínimas de habitabilidade e entregues à sua sorte, pois nem populações civis tinham com eles. Passavam os dias entregues a si mesmo, à espera de um ataque ou de ordens para irem para operações, que eram transmitidas via rádio ou por mensagens secretas e codificadas. Esta juventude que foi mobilizada para a guerra, na grande maioria ficou com sérios problemas psicológicos, outros ficaram mutilados e muitos morreram. Foi uma juventude que com outros, ajudaram a eclosão do 25 de Abril. Hoje muitos de nós, ainda sofrem com os efeitos colaterais desta guerra pois todos temos, pais, irmãos ou familiares que andaram e lutaram inocentemente e contrariados, numa guerra que não lhe dizia nada, com a agravante de ter como alvo o legítimo direito à independência dos povos africanos. Hoje quando vejo partir e regressar os nossos soldados, que vão para o Kosovo, Afeganistão e Iraque (não posso deixar de me lembrar dos nossos heróis de 61 a 74) e sentir um esgar de desdém pelos choradinhos que fazem quando vão voluntariamente e principescamente pagos. Noutros tempos, pessoas como estas apelidavam-nos de mercenários. A guerra e a ditadura, marcaram uma geração que apesar de tudo ainda fez muito pelo país. Ajudou a dar-lhe a liberdade que até aí nunca eles tiveram. Hoje são anónimos, alguns exilados no seu próprio país e outros que se destacaram na Revolução dos cravos caíram no esquecimento e na ingratidão de governantes sem memória. Os pais e mães da Democracia ainda vivos no seu silencio e anonimato vivem felizes pelo seu esforço ter sido compensado e tristes por verem tantos desavergonhados amnésicos, incompetentes e ingratos em destaque, que não sabem nem querem saber o quanto custou a liberdade.

20061007

SÓIS E ESCURIDÕES

Agruras da vida, estão a atingir ferozmente o nosso rectângulo. Estamos mais pobres, temos menos valores e menos referências para seguir o exemplo. Mais de trinta anos após a revolução, os poucos direitos e melhorias de vida adquiridas estão a esfumar-se. Nós somos um País cheio de Sol, este tirano, teima hipocritamente em banhar e aquecer só alguns. Enquanto que os seus raios são só avistados por outros e a muitos nem se digna a aparecer. A maioria vive num nevoeiro cerrado que mal os deixa ver para além do alcance dos seus braços. Outros a mando do Imperialismo embora banhados e aquecidos pelo Sol, protegem-se numa outra escuridão que quando têm que tomar medidas ou fazer leis para os que os elegeram possam avistar raios de Sol, são inundados por esta negridão tão intensa que só lhes permite ver o seu nariz. Deus (se existe!), quando criou o Sol não foi para todos? Julgavam os crentes que sim, mas alarguemos mais os nossos horizontes e veremos que em todo o Mundo os desprotegidos não têm este Sol. Têm sim um outro que os queima no seu trabalho impiedosamente, que não são mais que as chamas do dito inferno. Temos que lutar para que hajam Sóis e Escuridões iguais para todos. Aonde o Sol e o nevoeiro sejam companheiros em igualdade de todas as vidas dos seres humanos. Não queremos continuar a ver ou a ouvir sistematicamente mais notícias em que a degradação a miséria e o sofrimento de determinados seres, é tão pungente que nos leva às lágrimas. Para quando um sorriso em todos os rostos…? Ilusão, todos sabemos, mas a regra pode passar a excepção. Se todos nós formos um pouco melhores em tudo. Lutadores, camaradas, solidários e pensarmos que todos os dias podemos fazer sorrir alguém, iremos sentirmo-nos mais cheios e mais felizes

POEIRA PARA OS OLHOS

No dia da Implantação da República, nós em Aveiro voltámos aos velhos derbys em basquetebol com o Beira-Mar vs Esgueira. A ilusão infundada que foi criada aos amantes da modalidade, ligados ao Beira-Mar, não deixa de ser constrangedora porque está mais que provado que o clube não vai ter sustentabilidade, para aguentar, nem que seja um grupo de amigos que quer fazer o seu desporto favorito de forma gratuita, como hobby. Assim nos termos que se coloca, nem é bom para eles, nem para o clube. Temos de respeitar o amor à modalidade e ao ecletismo do clube, mas factos são factos e o “canto do cisne” adivinha-se a breve prazo. Ninguém gosta de ser saco de boxe. Os amantes do basquetebol, até hoje no nosso clube, nunca gostaram de ouvir as verdades e a impossibilidade do seu querer, ditas por gente honesta. Vão à Direcção e digam-lhes que para termos uma secção de basket digna são precisos no mínimo 50 mil euros sendo este número muito baixo. Se a resposta for honesta será…NÃO. Se for afirmativa será demagógica e desonesta, o que provocará um série de problemas inerentes ao seu não cumprimento. Vi parte do jogo porque antes fui com gosto ver o futsal dos juniores. A assistência rondou as 4 centenas de pessoas vindas de Esgueira, Aveiro e alguns como eu que ficaram do futsal. O resultado é o menos importante, mas tudo o resto foi doloroso e frustrante para mim. As equipas iniciam o jogo e eu vejo o Esgueira com as suas cores emblemáticas e a nossa com o branco uma tira amarela e uns fios pretos (a adornar o amarelo) desde as axilas até aos calções. Sinceramente, no imediato fiquei coma sensação que era o Galitos. Revoltei-me e dei comigo a pensar na hipocrisia dos nossos dirigentes e naquela gente que ama a modalidade e está disposta a dar o melhor. Os tempos que mediou entre o pedido dos equipamentos de futebol sénior (Abril de 2006) e a decisão de reiniciar o basquetebol sénior, foram 5 meses e coincidência ou não os equipamentos são iguais. Será que estes seriam comprados na mesma empresa? Se o foram, a empresa tem esgotado o amarelo e preto por serem cores da moda ou já não tem essas cores porque entraram em desuso. Isto não é um atirar de poeira para os olhos dos sócios? O que é que se pode dizer mais? Desonestidade, querer impor a sua vontade mesmo sem ser autorizada pelos sócios em Assembleia, alterar a vontade dos fundadores ou simplesmente teimosia de quem se julga dono do nosso Clube. Até já não estranho, por ver neste mundo virtual, comentários a dizer que o importante não são as cores mas sim o problema dos resultados e outros. Serão este, os “Vendilhões do Tempo”, que a troco de benesses imitem estas opiniões. O nosso clube está a perder identidade (equipamentos, Jardel, etc., etc.) e acima de tudo com a gestão que foi implantada, não tarda nada que esteja como em 1995. Triste sina a do nosso Clube, tem sempre uns algozes que fazem de tudo, para ir para o poder quando o Clube está bem e depois deixam-no moribundo. Mais uma nota: Não sei porque hoje se insiste tanto no nome do Pavilhão de Alboi quando ele foi e será sempre conhecido e baptizado como Pavilhão do Sport Clube Beira-Mar.

20061001

MODERAÇÃO DE COMENTÀRIOS

Contra a vontade do autor do blog, passa a ser exercida a moderação, para evitar alarvoíces e extrapolações erradas dos anónimos, que poderão levar ao erro sobre a identidade e personalidade de quem aqui tenta pôr em discussão ideias e conhecimentos. A liberdade acaba, quando é atropelada a dos outros. A educação é fundamental em todos os actos e atitudes da nossa vida. O respeito por todos os seres humanos é um princípio fundamental, desde que esses seres respeitem a bôa vivência de todos. O amor pelos outros, demonstra-se em pequenos nadas e não só em palavras circuntanciais. Nunca nos devemos esquecer que há gente bonita em todos os credos e opções politicas. As pessoas lindas existem e é com elas que quero conviver e aprender, nem que seja desta maneira virtual.